sexta-feira, 13 de setembro de 2019

A ética, a cultura e a benquerença perderam um ícone

Na semana passada, ao folhear os jornais do dia, soube da morte do Dr. Ruy Rosado de Aguiar Júnior. Que perda! Tive a sensação de perder um familiar meu. As pessoas mais antigas de Santa Rosa conheceram o Dr. Ruy. As mais jovens, provavelmente não, exceto aquelas ligadas ao mundo jurídico. Eu que o conheci, registro, guardadas minhas limitações, que o ministro Ruy marcou época também em Santa Rosa. Natural de Iraí, na década de 1960, nesta cidade começou a trabalhar como secretário de Administração na gestão do prefeito Carlson; depois foi Advogado, Professor e Promotor de Justiça, afora ter atuado intensamente em ações comunitárias; no Rotary, inclusive.
Ruy, indicado pelo Ministério Público, foi desembargador do Tribunal de Justiça/RS, depois ministro do Superior Tribunal de Justiça. Aposentado, em POA passou a atuar no voluntariado. Ao ser detectada a doença que o levou a óbito, se recusou ser tratado na Santa Casa, da qual era vice-Provedor, por uma razão pouco comum: o temor de que, por essa ligação com a instituição, viesse a receber tratamento diferenciado. Isso tem nome: ÉTICA, valor tão escasso faz tempo. Que exemplo de vida! Que falta fará!
Tive o privilégio de ser aluno do professor Ruy, na cadeira de Direito Constitucional na ex-Fadisa, de Santo Ângelo, quando o deslocamento daqui à faculdade (60 km) era por ônibus, por estrada de chão, no qual viajavam alunos e mestres, entre estes o saudoso Ruy. Como professor, certa feita deu-nos um tema para pesquisa, valendo nota. Um dos colegas, que omito o nome, encontrou um parecer de outro mestre sobre o assunto. Imaginando que ninguém o conhecesse, o copiou “ipsis litteris”. O seu autor, que também omito o nome, ao término do trabalho, com certo pedantismo, sempre concluía seus pareceres com a expressão “Salvante melhor juízo, é meu parecer”. Pois o colega de curso copiou inclusive com o “Salvante ...” Ruy, ao ler a “pesquisa”, percebeu a farsa. Talvez indignado, mas sem perder o humor, consignou conhecer parecer e autor, concluindo com sua peculiar ironia inteligente: “Salvante melhor juízo, a nota é zero”.
Faz tempo que proponho que os filhos de Santa Rosa, naturais ou adotados, destaques fora daqui - e que são muitos, nem todos conhecidos - sejam homenageados quando de eventos locais: Musicanto e Fenasoja ou na Semana do Município. Também proponho que a homenagem se dê em vida. Esclareço: não estou sendo original. A ideia copiei de Cachoeiro do Itapemirim. Na terra de Roberto Carlos, inserido nos festejos do aniversário do município, a cidade capixaba criou “O Dia do Cachoeirense Ausente”.
O presidente Odaylson Eder, da ACISAP, no ano passado, acolheu minha sugestão de trazer para seu consagrado “Almoço de Ideias”, para palestrar, Nery Taborda da Silva - nascido no Laj. Paulino, criado na Vila Planalto - hoje diretor para a América Latina da Cia. Generali de Seguros. Quer dizer, um filho da terra que faz sucesso fora, que poucos sabiam. Santa Rosa, de tantas iniciativas pioneiras, tem essa lacuna a preencher.
Pedindo vênia pela omissão de Santa Rosa à importância do querido Ruy, apresento condolências pelo passamento desse santa-rosense ausente - usurpando prerrogativas do prefeito, mas sei que sem sua oposição - à esposa Diva, sua companheira de sempre; e aos seus filhos Ruy Neto, Juiz de Direito, Alice, Ana e Vera, esta nascida nesta cidade.

Soberania não tem preço, monsieur Macron!

A julgar pelas veiculações da grande imprensa, dos opositores a Bolsonaro e daqueles adeptos ao quanto pior, melhor, os incêndios na Amazônia teriam surgido em 2019. O Papa Francisco, talvez sem problemas interna corpori, já havia convocado o Sínodo dos Bispos para discutir a Amazônia, sem Brasil, Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Equador, Suriname, Guiana e Guiana Francesa, o que significa em quebra da soberania dos países que a compõem. Sua pauta: “a complexa situação dos indígenas e ribeirinhos; a exploração internacional dos seus recursos naturais; a violência, o narcotráfico e a exploração sexual dos seus povos; o extrativismo ilegal; o desmatamento; o aquecimento global; a conivência de governos com projetos prejudiciais ao meio ambiente.” A respeito, D. José L. Azcona, Bispo Emérito do Marajó - região amazônica, “a Amazônia, ao menos a brasileira, não é mais católica”, referindo-se à agenda católica. Já o Pe. Zezinho, que evangeliza há décadas através de suas belíssimas canções, disse: “Continuarei a cantar a ‘Amazônia, é Proibido Queimar e Matar’, mas sei que tudo não começou apenas há seis meses ... Não votei nele, nem no Haddad, mas se Haddad tivesse ganho, os incêndios continuariam, até porque o país não tem como controlar o clima nem a maioria dos incendiários que querem tudo, menos que atual democracia dê certo... Eu não odiava os outros presidentes e não odeio Bolsonaro.”
Por outro lado, não se pode ignorar o interesse mundial pela Amazônia, em especial pelo seu subsolo, que se sabe, prenhe de ouro, estanho, nióbio, petróleo, gás natural, potássio, calcário, manganês, ferro, diamante, cromo e urânio, há muito explorado, ilegal e irracionalmente, com a conivência de ONGs que lá atuam e de indígenas. Por isso, é importante a discussão proposta por Bolsonaro, de exploração racional da região. A propósito, os índios, sobre suas reservas no território amazônico, têm mero usufruto. Assim, segundo seus usos, costumes e tradições, podem caçar e pescar, fazer roça, extrair lenha e alimentos - para sua comunidade. Já o subsolo, por ser da União, pode ser objeto de concessão, tendo os índios, também, direito a parte dos seus lucros.
A diferença das queimadas de 2019 para as queimadas anteriores, está na honestidade dos que as veiculam. A grande mídia, quando bem paga pelo governo, limitava-se a breves registros; agora, Bolsonaro é o vilão. Já o protesto de artistas, é retaliação à perda da teta da Lei Rouanet, a partir de Osmar Terra ministro de Estado. Outrossim, os ataques do presidente da França ao presidente do Brasil, carregam vícios de origem. O presidente Macron, com popularidade baixa e buscando reeleição, usa a recorrente tragédia amazônica para proteger interesses comerciais dos agropecuaristas franceses, na concorrência aos nossos. Em suma, prepara o terreno para não assinar o Acordo União Europeia e Mercosul, porquanto, assinando-o, terá de retirar os subsídios que o país dá à sua produção primária. Já os R$ 90 milhões ofertados, o Brasil deve aceitar. Nunca, porém, sob condição. Soberania não tem preço, monsieur Macron!
O Brasil tem unidades de conservação, áreas de preservação, parques e reservas indígenas, mas sem estrutura e gestão. Por isso, a Amazônia registra desmatamento criminoso, 500 garimpos ilegais ...Assim, lá com ONGs ou sem, é hora da transparência.

Exportando trabalho e beleza

O Paraguai, como um todo, mas, em especial, a Região separada do Brasil pelo Rio Paraná nas proximidades da Hidrelétrica Itaipu recebeu, nas últimas três décadas, muitos agricultores gaúchos, catarinenses e paranaenses atraídos pela qualidade das suas terras e clima e pela facilidade na compra do bem fundiário. Da Região Noroeste/RS, trabalhadores rurais venderam seu patrimônio, em geral reduzido a poucos hectares de terras exauridas, para se arriscarem em outro País como fizeram no passado gaúchos rumo, 1º ao Paraná, depois ao Mato Grosso, e muito antes, da Europa para a América do Sul, famílias italianas, alemãs etc. Hoje, o Paraguai, graças aos brasileiros que o adotaram como sua Pátria, cresce mais que o Brasil e a Argentina. Só o cultivo da soja ocupa mais de 3 milhões de hectares, sendo que cerca de 70% dessa área está nas mãos de brasileiros desde a abertura do governo paraguaio, a partir da década de 1970. Em 2018, o Paraguai produziu 9,2 milhões de toneladas de soja.
A instabilidade política que se instalou no País durante o governo Fernando Lugo - aquele ex-Bispo, também conhecido como reprodutor, que, segundo veiculou a imprensa na época, se valia da sua condição de autoridade religiosa para copular com indiazinhas pobres, afastado do poder, em 2012, por um processo de Impeachment, em função das disputas entre os sem-terra nativos, incentivadas pelo então presidente, com os brasiguaios, na Região do Alto Paraná - é coisa do passado. O atual presidente, Mario Abdo Benítez, do partido Colorado, o mesmo do ex-presidente (ditador) Stroessner, apoia a permanência de brasileiros em seu País e os incentiva no desenvolvimento da agricultura e de outras áreas. E os brasileiros e/ou seus descendentes contribuem para o crescimento do Paraguai. Outrossim, nossos gaúchos fizeram do vizinho País uma extensão do RS, tantos são os CTGs por lá implantados.
De Santa Rosa, dezenas de famílias saíram em busca de vida nova no Paraguai, quando ainda não havia estradas, nem máquinas agrícolas e nem financiamentos para investimentos e custeio à produção primária. Hoje, muitas têm novas famílias lá constituídas, as brasiguaias. Entre elas, os Lottermann e Tolazzi, que deixaram o Laj. Pessegueiro na década de 1980 - lugarejo, este, do interior de Santa Rosa, que marcou época nas décadas de 1960/70, no futebol, com o Guarani, e com o moinho e serraria do Benvindo Tolazzi, movido pela água do Rio Pessegueiro (ah, que saudade do tempo que as margens dos rios tinham cobertura vegetal!) - para se estabelecerem em Santa Rita, então com apenas nove casas, muito diferente de agora com 50 mil habitantes, 90% de brasileiros ou seus descendentes, entre eles a hermosa KETLIN - filha de Itamar e de Vera Lottermann, neta de Ivo Lottermann e de Clair Tolazzi, esta filha do casal meu amigo, com orgulho, Benvindo e Dileta Tolazzi - há pouco eleita MISS PARAGUAI/2019.
Ketlin não nasceu em Santa Rosa, mas os espermatozoides e os óvulos dos seus avós e pais se desenvolveram na terra do Musicanto, Tapeporã, Fenasoja, Indumóveis e Hortigranjeiros. Parabéns à Miss Paraguai, fisioterapeuta por opção, beleza pela mão escultural do Arquiteto do Universo e cultura e princípios sedimentados no exemplo das famílias Lottermann e Tolazzi. Sucesso, Ketlin, no Miss Universo em dezembro, EUA.