terça-feira, 8 de outubro de 2019

Às vezes, quem perde, ganha

Vinte de Setembro é a data em que que se comemora o início de uma revolução derrotada. Calma! Às vezes, quem perde, ganha. É o caso da Revolução Farroupilha. Os republicanos sul-rio-grandenses, mesmo derrotados pelo Império, ganharam. Essa aparente contradição me levou a analisar, também, situação inversa - uma aparente vitória, traduzida, porém, em derrota: o Memorial Luiz Carlos Prestes, em POA. Ora, ao homenagear o líder do Partido Comunista, seus idealizadores não pensaram na democracia nem na conduta do homenageado. L.C. Prestes, secretário-geral do PC, foi responsável pelo levante de 1935 - por isso, um artífice do Estado Novo/37. Outrossim, o Memorial coincide com a retirada do nome Castelo Branco da principal via de acesso à capital, por proposta do ver. Pedro Ruas (Psol), a qual passou a denominar-se Legalidade e Democracia. Felizmente, a Justiça determinou o retorno ao nome original - Castelo Branco - de um herói da 2ª Guerra. Pior: se a moda pegasse, milhares de vias e espaços públicos de cidades teriam de retirar o nome do ex-presidente Getúlio Vargas.
Sérgio da Costa Franco, procurador de justiça, historiador de nomeada, homem de esquerda (não raivosa), sobre Luiz Carlos Prestes escreveu: “Depois, no auge da fama de grande tático, quando dele se esperava que assumisse a chefia militar da revolução de 1930, defraudou as esperanças, desviou os mil contos de réis que recebera dos líderes do movimento e aderiu ao comunismo de Stálin. As ferramentas do PC, o culto à personalidade, mais o texto brilhante de Jorge Amado, criaram para ele a imagem do Cavaleiro da Esperança, que, por algum tempo, seduziu parcela da juventude e da intelectualidade brasileiras (inclusive este desavisado articulista, quando muito jovem).”
Prestes foi contraditório. Sua mulher Olga Benário (alemã de origem judaica), grávida, foi deportada para a Alemanha onde foi morta em câmara de gás. No entanto, logo depois, na eleição de 1950, Prestes apoiou Getúlio Vargas, seu algoz na extradição. Como secretário-geral do PCB, defendeu a ditadura comunista até o fim da vida. Como Constituinte, em 1946, defendeu a Emenda nº 3.165, que proibia a entrada no país de imigrantes japoneses de qualquer idade e procedência. Sua fonte de inspiração foi Josef Stálin, que sucedeu a Lenin. Com Stálin no comando da URSS, para consolidar a política de unificação do Estado, tudo valia. Problema, dizia, se resolve com a força, como fez com camponeses expulsando-os de suas terras e enviando-os a fazendas coletivas, cidades industriais e campos de trabalhos forçados. Proibiu a troca/venda de alimentos, estimando-se que, de 1932-33, 5 milhões de pessoas morreram de fome. Quem discordasse - agricultores, intelectuais, desleais ao PC - era “julgado” e fuzilado. Sarcástico, assistia aos “julgamentos”. Teria assinado a execução de 41 mil pessoas. No entanto, nada a ver com os vereadores Migue e Sônia (PC-B), democratas de berço.
O Tratado de Poncho Verde (Dom Pedrito) - que Gomes Jardim, governador da República Rio-Grandense (ou do Piratini), e Bento Gonçalves, líder, não assinaram - sob 12 artigos, nem todos cumpridos pelo Império (v.g. libertação dos escravos combatentes), pôs fim à Revolução Farroupilha, deixando-nos, como legado, a luta contra a injustiça. Daí por que a chama Farroupilha se renova ano após ano. Salve 20 de Setembro!

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