sábado, 2 de junho de 2012

TEMA DO ENCONTRO RESERVADO

O mensalão do Lula, o maior escândalo de todos os tempos, está para ser julgado pelo STF. A expectativa é grande. A imprevisão do desfecho, também. Esta, por conta de um problema que está na raiz dos problemas dos tribunais superiores: a nomeação dos seus ministros ao talante da presidência da República. Hoje, oito dos 11 ministros da Corte foram nomeados por Lula. Entre eles, Dias Tófoli, ex-advogado do PT, descolado da ciência jurídica que impõe a toga.

O ex-presidente, que tudo fez para abafar esse monumental escândalo e, com isso, preservar José Dirceu, Delúbio, Marcos Valério e outros tantos amigos seus, acaba de comprometer ainda mais sua biografia ao pressionar ministros do Pretório excelso para que essas e outras figuras das suas relações não sejam julgadas em 2012. Foi o 2º tiro que Lula deu no próprio pé. O 1º foi quando das denúncias envolvendo Cachoeira, das quais se valeu, a um, para se vingar do governador Perillo (PSDB), a dois, para desqualificar o mensalão. O 2º, friso, agora com a reunião que promoveu com o ministro Gilmar Mendes no escritório do Nelson Jobim.  

Lula, como é público, quando estourou o escândalo do mensalão, primeiro o negou, depois se disse indignado e traído. No entanto, se negou dizer quem o traíra. Como, na empreitada, não teve sucesso, arranjou uma terceira desculpa: o Caixa 2, como se tal prática fosse lícita ou eticamente defensável. Sem ressonância também com essa infeliz tese, passou a pregar a inocência dos acusados para culminar com o despudorado corpo-a-corpo com ministros.

É claro que a recente “sugestão” de Lula a Gilmar, para que o julgamento do mensalão seja adiado, é negada por ele. A negativa, entretanto, faz parte do seu histórico. Ademais, contrária à lógica. Em 1º lugar, o PT  não quer o julgamento dos 37 denunciados em ano eleitoral. Em 2º lugar, se o julgamento for transferido para 2013, vários dos crimes da denúncia prescreverão. Em 3º lugar, em novembro os ministros Ayres Brito e Cezar Peluso, que dão sinais de independência, serão atingidos pela aposentadoria compulsória, abrindo vagas para a nomeação de ministros convictos da inocência dos asseclas do ex-presidente.

A esse passo, impressiona o comportamento do PT. Contra as evidências, incondicionalmente inocenta o Lula. E mais, quem ousar criticá-lo, passará a ser inimigo da Pátria. Isso me faz lembrar o Regime Militar. É verdade que a paixão cega as pessoas. Já vivi essa experiência. No passado, coordenei a campanha do Collor na região e me posicionei contra Maluf por tê-lo como ímprobo. Não me arrependo em relação ao então candidato do PDS. No entanto, em relação ao caçador de marajás, percebi, tão logo eleito, que havia embarcado em canoa furada. Reconheci o erro.  Errar é humano. Mas isso não dá a ninguém, como não me deu, o direito de continuar cego. Por isso, Carta de Alforria a todos que tenham por credencial a identificaç o partidária, é nivelar a indecência com a decência, o mal com o bem.

Lula, por sua vez, ao atuar no “varejo”, rasga a liturgia do cargo que exerceu e demonstra que está mais para falastrão do que para de estadista.

Mas, afinal, que assunto tinha Lula para uma conversa reservada com Gilmar? Do assunto, o ministro se diz chantageado. O ex-presidente nega. E o anfitrião nada ouviu (sic). Ora, alguém está mentindo. Eu, porém, para não fazer um juízo precipitado do mal cheiroso encontro, depois de pesquisar e, até, consultar os búzios, encontrei o fio da meada. O encontro de Lula com Gilmar, intermediado por Jobim, foi para discutir a causa que comprometeu a estrutura que dá suporte à caixa d´água da Praça de Cruzeiro como noticiado,  na iminência de ruir.