quarta-feira, 28 de março de 2018

XUXA E JULIETA

Xuxa, batizada e registrada Maria da Graça, muito cedo deixou Santa Rosa para, ainda adolescente, se tornar personagem global. A inserção de seu pseudônimo no seu registro de nascimento, oficializou-a Maria da Graça Xuxa Meneghel. Descendente de tradicional família santa-rosense, aqui nasceu e viveu por quase 10 anos. Cidadã idolatrada por milhões de pessoas de todas as idades, rejeitada por muitos, tem mais admiradores fora do que na sua terra natal. Registro um fato. No início dos anos 2.000, patrocinava eu uma ação judicial em São Paulo. Em determinado momento precisei acessar o processo (nada era eletrônico) que tramitava em o Fórum próximo à Praça da Sé. Preocupado com a cidade grande e, para mim, estranha, socorri-me de um colega, de Passo Fundo, estabelecido na capital paulista.
Era o escritório do Dr. Motta, que me recebeu e destacou uma advogada para me acompanhar. No Cartório, enquanto aguardávamos cópias do feito, entre uma conversa e outra, a colega me perguntou de onde eu era. Disse ser de Santa Rosa, o que nada significou. Acrescentei ser da terra do Taffarel. Também nada mudou. Ocorreu-me dizer que era da terra da Xuxa. Bem, a partir daí, a prosa mudou de rumo. E, ao aduzir que, como advogado, fizera a inserção do apelido em seu registro civil (autos originais no Memorial Xuxa), a colega me transformou em íntimo da Xuxa, que nunca fui. Apenas prestara um serviço profissional a ela por indicação de familiar seu.
Ao retornarmos ao escritório Motta, minha gentil cicerone reuniu umas 30 pessoas (advogados, estagiários etc) às quais me apresentou como conterrâneo da Xuxa. Foi impressionante! Senti, no bate-papo que se sucedeu, a importância da santa-rosense ilustre e quão pouco explorada (cultivada) é, aqui, sua marca. Daí por que, ao tomar conhecimento que a Prefeitura vai reformar o Memorial Xuxa, aplaudo. O prefeito Alcides Vicini que, em 2.002, adquiriu a casa em que a Rainha dos Baixinhos viveu, agora propõe dar ao Memorial nova dimensão. O projeto, com a assinatura do artista Betto Almeida, projeta transformar a Av. Rio Grande do Sul na “Rua Encantada”. Por que, não! Gramado, com muito menos, transformou-se em atração turística do mundo.
Santa Rosa tem Xuxa - apresentadora, atriz, cantora, filantropa e modelo. Verona - pasmem! - tem Julieta, que não existiu. Xuxa, filha de Luiz e Alda, é de carne e osso; Julieta, filha de Shakespeare, é mera ficção. Pois bem. Verona (Itália) tem a Casa de Julieta. No pátio, foi erguida uma estátua de bronze da personagem. A trágica história de amor e ódio entre ela e Romeu teria se passado em Verona. Ficção e verdade se confundem. Turistas do mundo lá fazem compras personalizadas e se fotografam ao lado da estátua com a mão no seio direito da musa, o que geraria sorte no amor.
A motivação é o motor do organismo para a ação. Gramado não teve Julieta nem Xuxa. Teve, na natureza, obra do Arquiteto do Universo, a motivação que a tornou capital do Cinema, do Chocolate e do Natal Luz. Santa Rosa não tem Shakespeare mas tem Xuxa, que o dramaturgo não teve. Verona é grata a Shakespeare. Santa Rosa será eternamente agradecida a quem valorizar e perpetuar sua filha ilustre.

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