sexta-feira, 8 de junho de 2018

O ATIVISMO

Grosso modo, ativismo é ação continuada de pessoas que colocam suas ideias em práticas visando o bem coletivo, em detrimento, portanto, de interesses particulares, próprios ou de terceiros. Exemplo: engajamento no combate à dengue, à pedofilia etc - tendo por alvo a proteção da coletividade ainda que identificada por faixa etária ou classe. É o ativismo filosófico. Mas outro, voltado a interesses parciais, existe: é o ativismo partidário que contempla determinadas parcelas em detrimento do coletivo. Entre os dois, a ambos vinculado, está o ativismo social - as redes de comunicação.
Não é de hoje a adesão a partidos políticos por artistas, músicos, âncoras de TV e de Rádio, esportistas, religiosos etc. Os partidos são receptivos a esses grupos, posto que, assim, garimpam lideranças que engrossam suas fileiras. À adesão, embora democrática, tenho dúvida se é a melhor contribuição que podem dar figuras populares, considerando a responsabilidade de todos com a Pátria. Para desenvolver esse raciocínio parto do princípio de que as coisas não têm um fim em si. Logo, devem priorizar o sentido coletivo, subjugando, em consequência, o pertencimento individual.
Essa dúvida me veio com a notícia da presença em POA, em agosto, de Chico Buarque para um show. Calma! A crítica não é contra sua estada no RS, muito menos à sua apresentação. Se tiver oportunidade, lá estarei. É contra seu ativismo partidário. Quem sabe o compositor, no RS, volte a cantar a canção de protesto ao Regime Militar/64 - “Apesar de Você/ Amanhã há de ser outro dia/ Eu pergunto a você/ Onde vai se esconder da enorme euforia” – esquecida desde que o PT chegou ao poder.
Como decorrência desse engajamento de Chico Buarque, lembro sua patética presença - óculos escuros, semblante tenso, encolhido, desconfortável - na Câmara dos Deputados quando do impeachment da presidente Dilma. Não era o lugar nem o embate para um artista da sua grandeza. Por que, então, foi ao julgamento? De duas, uma: pela cega paixão ao PT ou pelos favores recebidos dos seus governos Lula/Dilma. De qualquer forma, é seu ativismo nada filosófico. Portanto, faccioso.
O que talvez explique sua postura, é que, durante os governos Lula e Dilma, Chico Buarque captou R$ 13 milhões em projetos de seu interesse, através da Lei Rouanet, sabendo-se que projetos culturais, de inclusão social como o Musicanto, para captar 1% do valor que o compositor captou, vira batalha de titãs, primeiro com a burocracia, depois com a captação. Mais recentemente, também chocante foi ver Chico autografando um CD para Maduro, a ser entregue ao ditador Venezuelano pelo MST, entidade esta que opera na clandestinidade sob o comando do beligerante Stédile.
Ora, esses dois comportamentos - alinhamento ao PT e afago ao ditador - são a negação da postura independente que se espera de um artista do quilate do Chico. Mas é no que dá quando o ativismo não é filosófico, mas partidário. Logo, parcial.
Ah, que saudade dos intelectuais independentes! Tenho que Chico Buarque é um intelectual. No entanto, ao abraçar, incondicionalmente, o PT e ao homenagear o ditador Nicolás Maduro - que, mediante fraude, acabou de se reeleger presidente da Venezuela - subjuga sua liberdade de expressão e de criação a um ativismo sectário.

Nenhum comentário:

Postar um comentário