segunda-feira, 20 de agosto de 2018

A JUSTIÇA NA BERLINDA

Justiça sem independência dos juízes, não é justiça; é porteira aberta à injustiça. É, pois, nesse patamar que os deputados Damous, Pimenta e Teixeira, em conluio com o desembargador Rogério Favreto, tentaram colocar a Justiça quando da despudorada tentativa de libertar Lula, valendo-se de um Plantonista de domingo. O Habeas Corpus, que quase pôs em liberdade o ex-presidente, foi uma trama montada entre os deputados o desembargador referidos. Mas o pior é que o escabroso episódio não deve ser visto como um caso isolado; pelo contrário, faz parte de uma chicana para desmoralizar a Justiça e, na sequência, mudar as leis e a composição do Poder Judiciário, passar a borracha nos crimes apurados pela operação Lava-Jato, desmoralizar a PF, o MPF e os Juízes que ousaram meter a mão nos poderosos.
Sempre soube que questionar ou atuar contra os poderosos é tarefa para poucos. No entanto, acompanhando a prática delituosa da elite política e empresarial, ora acossada pela Lava-Jato, me convenci que a petulância dessa gente é mais devastadora do que imaginava. Mais do que Jânio Quadros, que via forças ocultas poderosas, a desfaçatez mostra a cara, boicota o trabalho de delegados, promotores e juízes. Também sabia, a partir da história (2ª Guerra Mundial) que uma mentira repetida tornava-se verdade. Agora, descobri que a máxima de Goebbels, da Propaganda de Hitler, a partir da condenação de Lula tem poder de convencimento ainda superior ao que imaginava. O “Lula é vítima” tem ressonância.
Friso, o Habeas Corpus proposto em favor do ex-presidente foi uma farsa montada por três deputados do PT em comunhão para o mal com Rogério Favreto. A manobra objetivava beneficiar, indevidamente, o companheiro Lula. Na surdina, o desembargador, assim que entrou de Plantão, avocou para si um direito que não tinha: revogar decisão de Turma TRF-4, encarregada da Lava-Jato. E mais: como no HC sempre há uma autoridade dita coatora, no caso a autoridade eleita pelos deputados foi o juiz Sérgio Moro ao invés do TRF-4. Então, como era natural, o juiz de Curitiba, ao tomar conhecimento da farsa, reagiu. Nem poderia ser diferente. Afinal, como não reagir se era contra ele o HC e a ele caberia cumprir a esdrúxula ordem de soltura de Lula exarada por Favreto? Enfim, depois de idas e vindas, o alvará de soltura foi cassado, a farsa descoberta e o Favreto desmoralizado perante a opinião pública.
A dúvida gera desconfiança. A desconfiança gera insegurança. A insegurança beneficia os infratores. Essa foi a lógica do desembargador Favreto. Ora, ele sabia que não poderia contrariar o TRF-4. Sabia que não havia fato novo. Se candidatura fosse fato novo, 700 mil presos poderiam valer-se da farsa. Sabia que Lula não está preso ilegalmente. Mas sabia que, solto, Lula geraria um fato político. Então, os deputados e desembargador precisavam criar um fato para desmoralizar todos aqueles que ousaram processar e condenar Lula. O tiro, porém, saiu pela culatra.
A mentira repetida vira verdade (Goebbels). Lula, de tanto dizer e, seus ventríloquos, repetirem, pessoas, inclusive do bem, acreditam na sua inocência. É, pois, a verdade sendo cabresteada pela mentira, que Adair de Freitas imortalizou em “De Já Hoje”.

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