quinta-feira, 2 de maio de 2019

REMINISCÊNCIAS

A oposição dizia que 31 de março/64 era 1º de abril, isto é, uma mentira. Mas, a despeito da ironia, o povo venerava o Regime Militar, tanto que Médici, o 3º general presidente na sequência, foi aplaudido em pé por 200 mil pessoas em jogo de futebol, levando Nelson Rodrigues, jornalista e escritor, a escrever na época: “No Estádio Mário Filho, ex-Maracanã, vaia-se até minuto de silêncio e, como dizia o outro, vaia-se até mulher nua. Vi ... lotado, aplaudindo o presidente Garrastazu. Antes do jogo e depois do jogo, o aplauso das ruas. Eu queria ouvir um assobio, sentir um foco de vaia. Só palmas. E eu me perguntava: e as vaias, onde estão? Estavam espantosamente mudas". Mais: a) o 3º presidente militar passou pela vida pública com dignidade. Seu salário correspondia a 724 dólares/mês; b) adiou um aumento da carne para vender na baixa os bois de sua estância; c) desviou o traçado de uma estrada para que ela não lhe valorizasse as terras; d) sua mulher decorou a granja oficial do Riacho Fundo com móveis usados recolhidos em depósitos públicos. Que exemplo de dignidade! Já Lula, em “Memória Viva do Regime ...”, Ed. Record 1999, registrou: “Agora, com toda a deformação, se você tirar fora as questões políticas, as perseguições e tal, do ponto de vista da classe trabalhadora o regime militar impulsionou a economia do Brasil de forma extraordinária”, finalizando: “...o dado concreto é que, naquela época, se tivesse eleições diretas, o Médici ganhava”.
Castelo Branco, herói da 2ª Guerra, por ranço ideológico teve seu nome retirado de avenida, em POA. Quando presidente, ao saber pelo D.O. da nomeação de seu irmão, funcionário público, pelo min. da Fazenda, Chefe da Receita, ordenou sua exonerou na hora; Andreazza, min. dos Transportes, construtor da ponte Rio-Niterói e de milhares de quilômetros de estradas, era tachado de 10%. No fim da vida, hospitalizado em SP, manifestou desejo de ser sepultado no RJ. Ao falecer, os amigos se cotizaram no translado. Mas, com a volta dos civis ao poder, as Forças Armadas foram demonizado - FHC as desmontou; Lula, em parte, as reequipou. De Vicente Bogo ouvi que a oposição, da qual ele fazia parte, à míngua de provas, adotou como estratégia desqualificar o governo.
Jair Bolsonaro recomendou rememorar 31 de março. Ora, rememorar é lembrar. Portanto, nada demais. Não se apaga fato histórico. A democracia permite rememorar e comemorar, assim como permite rememorar e não comemorar, ou simplesmente ignorar. No entanto, foi o que bastou para a mídia, liderada pela Globo (TV e jornal), centrar fogo no presidente. Isso tem explicação: durante os governos Lula e Dilma a mídia recebeu R$ 13,9 bilhões em publicidade, R$ 6,2 bilhões só para o grupo Globo. No período Temer, a generosidade governamental foi ainda maior. Para 2019, se Bolsonaro conseguir resistir à pressão, haverá forte redução. Esse é o ranço da mídia. “Apoia”, mas a que custo? Urge mudar. Resista, Bolsonaro! A mídia não é prioridade.
O 31 de março virou relação de amor e ódio. A 1ª divisão foi dentro da oposição ao Regime Militar de 1964. Por exemplo: Tancredo, Simon etc combatiam o governo, mas eram pró-democracia; Dilma, J. Dirceu etc combatiam o governo, porém, eram pró-Cuba. Para Túlio Milman, jornalista (ZH): “A esquerda de 1964 era tudo, menos democrática. Não lutava pela liberdade, mas por uma ideologia ...”; e Eduardo Jorge (ex-PT) “Nós éramos contra a ditadura militar, mas a favor da ditadura do proletariado” (= comunismo). Hoje, vejo também muito preconceito contra os militares: quem demonizam Castelo Branco, Médici, Geisel e Figueiredo adora Getúlio Vargas. Para Flávio Tavares, jornalista e escritor, o gaúcho Getúlio Vargas foi ditador bom. Quem leu “Falta Alguém em Nuremberg” (David Nasser, jornalista, escritor e compositor), sobre atrocidades cometidas pelo Chefe de Polícia do Estado Novo, Filinto Muller, depois, quando do bipartidarismo, presidente nacional da Arena, discorda. Eu li e recomendo.

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