quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Socorrendo-me da Neurociência

Em homenagem ao Dia da Paz (25/7) invoco a Oração, com o mesmo nome, da Igreja Católica “Não olheis os nossos pecados, mas a fé que anima Vossa Igreja”, para lembrar que errar é humano; persistir no erro, não. Pois bem. Há pessoas que, possuídas de bloqueio cognitivo, jamais se penitenciam. Como ilustração, confessarei escolhas que já fiz, as quais nunca repetiria. Votei em: Jânio (1º voto) crente de que seu símbolo de campanha, a vassoura, era para varrer sujeira; Collor fiado em seu discurso contra marajás; Aécio acorde com seu discurso de combate ao Mensalão; Olívio (gov.) pela seriedade e autenticidade. Quanto aos candidatos a presidente, após as eleições, eleitos ou não, todos convergiram para um ponto comum: a mentira. Quanto ao candidato a governador, meu encanto foi para a Bahia junto com a Ford. Eu caí na real. No entanto, tenho dificuldade de entender por que nem todos reconhecem seus equívocos. A resposta encontrei na Neurociência (estudo do sistema nervoso central, não é o Dr. Norton Goulart?), a qual explica que certas pessoas têm bloqueio cognitivo, isto é, adquiriram conhecimentos, mas, para elas, argumentos lógicos são sufocados por credos e valores, ainda que estes não correspondam à verdade. É uma blindagem que pessoas armazenaram, sintetizadas em: 1) isolar quem tem opinião contrária; 2) ler e ouvir apenas aquilo que conforta seus valores e credos; 3) repetir chavões mentirosos (tática de Goebbels – assessor de Hitler: a mentira reiterada vira verdade) à exaustão.
Minha curiosidade - inclusive para com pessoas do bem – era sobre esse cenário de idolatria a pessoas incontroversamente corruptas. Pois, através da Neurociência, creio ter encontrado a resposta ou, ao menos, estar nas suas pegadas: são pessoas, como a psicologia de massa explica, com mentes que evoluíram muito mais para se imunizarem pela fé em valores e credos do que para separarem a verdade - que devemos exaltar - da mentira - que temos o dever de condenar. Exemplo: as conversas entre Moro e Dallagnol hackeadas, para essas pessoas constituiriam crime, quando crime é o vazamento delas, já que obtidas ao arrepio da lei, cujo conteúdo, até aqui conhecido, revela só preocupação do ex-Juiz e do Procurador da Lava-Jato com o bem coletivo.
Outro exemplo de imunização cognitiva: difundiu-se, pelo viés ideológico, a ideia de que, ao se privatizar, o povo perde o bem que tem. Ora, quando o Poder Público privatiza uma empresa, o valor arrecadado é canalizado - pelo menos assim deve ser - para prioridades públicas. Já a empresa alienada continua gerando empregos, tributos etc, com uma diferença: com eficiência. De certa forma, o público que se tornou privado, público continuará. Às vezes, mais público do que antes, quando os “donos” desses bens eram chamados, apenas, a ministrarem a “extrema-unção” à estatal ineficiente.
Roberto Campos, pessoa das mais cultas que conheci, dizia que a Petrobras era um “Petrossauro”. Depois do Mensalão e do Petrolão, que outro adjetivo o saudoso economista acrescentaria? ... Cá entre nós, salvo exceções, defendem estatais: 1) seus funcionários; 2) os sindicatos das respectivas categoriais; 3) os políticos que têm nelas currais eleitorais. Já ao povo, destinatário dos frutos dos bens públicos, sobram: a) a ilusão de ser dono e b), salvo raras exceções, a conta do empreguismo e da ineficiência

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