quinta-feira, 18 de setembro de 2014

ABUTRES E CALOTEIROS

                                                               ABUTRES E CALOTEIROS
É por demais conhecida a soberba argentina. Ainda na última Copa do Mundo, nos jogos da sua seleção, os brasileiros provocavam os torcedores do Messi, Di Maria e Cia. dizendo que eles não se davam por satisfeitos comprando um ingresso por pessoa. Cada argentino comprava dois ingressos, um para si e outro para o ego que cada um deles carrega.
Sobre a dívida da Argentina para com investidores dos EUA, a expressão mais empregada é: eles são abutres. Já os credores devolvem as provações dizendo que os argentinos são caloteiros. É claro que ferir seu orgulho, é demais para a soberba dos hermanos. Aliás, soberba que é antiga, fortemente estimulada no governo Carlos Menem (1991 e seguintes), quando o seu ministro da Economia, Domingo Cavallo, que melhor pronúncia seria se o seu sobrenome tivesse um “l” só, deu ao peso equivalência de dólar: um peso valia um dólar. É claro que foi uma medida artificial. Mas a mágica cria situações que a vida real às vezes demora a desmistificar.
Hoje, o abacaxi está nas mãos da presidente Cristina, como, até bem pouco, esteve com Néstor. É do casal presidente - ele morto, ela reinando - a expressão abutres, como forma de humilhar aqueles que apenas querem receber o dinheiro que emprestaram aos caloteiros argentinos. Até aqui, tudo bem. Cada um usa a arma que tem. Aliás, em briga de bugios, a arma dos primatas é ... é isso mesmo. Faz mais estrago pelo mau odor que exala do que pelo impacto contra o alvo.
Independente de se saber se a culpa é de abutres ou de caloteiros ou de ambos, li uma matéria interessante sobre o patrimônio constituído pelo casal Kirschner quando Néstor, em Rio Gallegos, era advogado da Finsud, uma financeira que operava com cobranças. Quando o falecido presidente, como advogado, sabia que um proprietário deixava de pagar a parcela mensal do crédito, ele ia até a casa do devedor e explicava suas opções: a) ter a casa leiloada e ficar sem nada; a) vender a casa ao próprio advogado. Em apenas cinco anos, o casal “comprou” 22 propriedades, de pessoas que não podiam pagar - a preço de galinha morta.
Bem se vê que o conceito de abutre muda de devedor para devedor, de credor para credor.

                                                      NEGÓCIO DA CHINA OU DE CUBA
O Mais Médico é um fabuloso negócio que se divide em dois tentáculos: a) um para o lado econômico, em benefício da “democracia” de Cuba; outro para o lado eleitoral, em favor da reeleição da Dilma.
Só para relembrar, em agosto de 2013, chegaram ao Brasil os primeiros médicos cubanos com a finalidade de aumentar o número de consultas em regiões carentes. Um programa bom para os dois países: para Cuba, que passou a faturar financeiramente muito; para o governo do Brasil, que passou a faturar politicamente.
O balanço desse ano de funcionamento, com 11.400 médicos cubanos, apresenta o seguinte resultado: os cofres do ditador Raul Castro receberam, só do Brasil, R$ 1.160.000.000,00, e a Organização Pan-Americana de Saúde R$ 260.000.000,00. Para cada médico, o governo brasileiro paga R$ 10.400,00, só que, desse valor, 70% é confiscado pela ditadura de Cuba. Portanto, sobra para cada profissional apenas R$ 3.120,00. Ora, se isso não é trabalho escravo, é o conceito de trabalho escravo deve mudar.  

                                                                   HIPOCRISIA
No funeral de Eduardo Campos (PSB), vi políticos lamentando, outros chorando (lágrimas de crocodilo) a morte do candidato a presidente. Alguns são os mesmos que, não fosse a tragédia, logo adiante estariam achando defeitos e crucificando o ex-governador de Pernambuco. Mas na hora da dor, os oportunistas de plantão se apresentam. Alguns estavam inconsoláveis. É, morreu, vira santo. Ouvi, por exemplo: “Ah, quanta falta fará!” “Ele foi um exemplo de homem público.” “O Brasil está de luto e nós, brasileiros, órfãos.”
Ao Lula e a tantos outros menos votados que procuraram faturar com a desgraça da família Campos, cabe a frase do grande Machado de Assis no conto O Empréstimo: Está morto. Podemos elogiá-lo à vontade.”

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

CONCERTO NO CENTRO CÍVICO

    Domingo não é o melhor dia para se assistir concertos. Pior ainda se for à noite. No entanto, se a atração é de alto nível, o público deixa o conforto da casa para um momento de levitação. Foi o que aconteceu no último domingo, no Centro Cívico Antônio Carlos Borges. É que a noite do dia 3-8-14 estava reservada para OSPA, quando Mozart, Beethoven e outros gênios da música, sob a regência de Evandro Matté, foram magistralmente interpretados.
Fazia quatro anos que a OSPA não se apresentava em Santa Rosa. Em 2010, quando pela 4ª e última vez presidi o Musicanto, tive a honra de contratá-la. Foi também um momento sublime, no Parque Municipal de Exposições, quando o seu regente dividiu o palco com ninguém menos que o Luiz Carlos Borges.
É verdade que o palco do CC é acanhado para orquestras numericamente grandes. No concerto último da OSPA, 50 musicistas nele se acotovelaram. Mais figuras, como é a composição completa da orquestra, não caberiam. Por isso, ao menos para amenizar o problema lembro que nos fundos do palco até a divisa com a Rua Santos Dumont, existe um espaço ocioso de 2 metros. Seria o caso de abrir a parede atual, erguendo outra no limite do espaço pertencente ao Município. Outra questão: dia e horário para concertos. Domingo à noite não se encaixa no perfil do público desse espetáculo. Melhor seria 10h, por exemplo, de domingo. Por óbvio, para idosos, a noite não é um bom programa fora do lar. Essa sugestão me foi dada pela professora Flávia Emmel, a quem Santa Rosa muito deve.

                                                    ASSASSINATOS CRESCEM
O número de assassinatos no Estado, no primeiro semestre do ano, na comparação com igual período de 2013, aumentou 22%. Só na Região Metropolitana de Porto Alegre foram 768 homicídios. Nessa conta trágica não estão computados os latrocínios (assaltos seguidos de morte) e outros delitos, e isso que no mês da Copa do Mundo os crimes no Brasil caíram muito.
 Nós nos compadecemos, com razão, com as mortes que se acumulam a cada dia na guerra entre Israel e o Hamas (Palestina). No entanto, não nos impressionamos com as vidas ceifadas mensalmente no RS. O Brasil vive uma permanente guerra civil.
Como referi, durante a Copa os crimes diminuíram. Qual ou quais as razões? É que no período as polícias se mobilizaram e se entrosaram, e o Exército Nacional, tantas vezes desmoralizado, se juntou às seguranças estadual e federal. E as polícias foram para as ruas.

                                                        FARSA EM DOSE DUPLA
A CPI da Petrobras, a exclusiva do Senado, é uma farsa. O seu controle está nas mãos do governo federal. Explico: numa comissão parlamentar de inquérito, os cargos importantes são a presidência e a relatoria. No caso, ambos da base aliada. Logo, é uma CPI chapa branca. Se isso não bastasse, o governo faz valer sua ampla maioria no Senado, ainda que à custa de concessões imorais. Em suma, a CPI do Senado foi criada para não pegar os corruptos.
Pois não é que, dentro dessa farsa, uma segunda farsa foi descoberta! Para que nenhum risco corresse o governo, foi montada uma fraude no Palácio do Governo, consistente em passar aos investigados as perguntas a serem feitas pelos senadores. Já os inquiridos foram treinados para as respostas uniforme, “convincentes”.
Com o esquema, as audiências da CPI não passaram de um teatro. As perguntas que os senadores fizeram à presidente da Petrobras Graça Foster, ao ex-presidente Sérgio Gabrielli e ao ex-diretor Nestor Cerveró foram elaboradas por pessoas do governo e previamente apresentadas aos interessados. Houve, inclusive, um treinamento para que as respostas fossem uniformes.
Enfim, temos farsa em dose dupla. A CPI no Senado, criada para proteger a Dilma, a presidente que, tal qual seu antecessor, quando se trata de corrupção, nada viu, nada sabe.

                                                    O PARECER DO CONSELHO
O Conselho Estadual de Educação está analisando um Parecer, de autoria não sei de quem, cuja finalidade é impedir, proibir, que as direções das escolas punam os alunos que infringirem as regras disciplinares.
Respeito para com os professores, faz muito tempo que alunos perderam. Agora, se a medida, em estudo, for adotada pelo CEED, o aluno transgressor será elevado à condição de Excelência. Quer dizer, a educação de mal a pior.

HUMILHAÇÃO

      A derrota da Seleção de futebol do Brasil para a Seleção da Alemanha era previsível. Para a Seleção da Holanda, também. Mas os escores, que vão muito além do “apagão” apregoado, têm explicação. Com o time brasileiro enganou-se quem quis. Eu, não. A atual safra de boleiros é ruim, embora milionária. Por isso, mesmo com um treinador mais qualificado, pouco mudaria. Mas Luiz Felipe Scolari não pode passar em branco. Lá atrás, quando o imaginávamos atualizado, ainda assim estrategista não era, mas apenas motivador, e motivação tem prazo de validade. Aliás, com seus colegas brasileiros ocorre o mesmo, salvo honrosas exceções.
No vexame do Brasil perante a Alemanha tornaram-se evidentes as carências de atletas e de técnico, somando-se, a Scolari, a soberba. O Felipão, tal qual a maioria dos seus colegas, vai pouco além da tarefa de distribuidor de camisetas entre titulares e reservas. Mas, por medíocre, achou que poderia enfrentar a melhor Seleção da Copa em igualdade de condições. Já a Argentina, reconhecendo a superioridade da Holanda, foi humilde. Jogou com cautela, levando o jogo para a prorrogação e, daí, para os pênaltis.
Encerrada a Copa, é meu sentir: 1) a taça ficou com a melhor Seleção; 2) o Brasil, não fosse o apito amigo e uma pitada de sorte, teria caído na 1º fase.
Por fim, uma palavra sobre o critério da Fifa às classificações e eliminações das oitavas à final. A decisão por pênaltis deveria ser substituída por critério técnico. Três árbitros (desses que, de folga, ficam à disposição da Fifa), ao final da disputa sem vencedor em campo, decidiriam qual teve melhor desempenho. Além de justo, evitaria jogos de defesas contra ataques, premiaria times que jogaram e castigaria aquele que não quiseram jogar.

                                                            HISTÓRIA E BIOGRAFIA
Tanto na história quanto na biografia, as ideologias dos seus autores se refletem nas obras produzidas. Por isso, a melhor receita para se extrair delas fidelidade à verdade ou à ficção e à mentira, é ler autores de diferentes tendências. É que, mesmo figuras alçadas à condição de heróis, às vezes têm o lado vilão ocultado. Mas os mitos assumem as pessoas. Logo, desfazê-los é derrubar deuses. Eu, sem me comprometer com histórias e biografias “consolidadas”, mas, também, sem rejeitá-las, trago à baila duas personalidades fustigados ultimamente:
- Bento Gonçalves, herói Farroupilha (para Tau Golin, Herói Ladrão), para os historiadores Spencer Leitman, Morivalde Calvet Fagundes, Jônata Caratti, avalizados por Juremir (CP), foi escravagista. Ao morrer (1857) era dono de 53 escravos. Cada um equivalia a 320 bois para abate (16.960 reses);  
- Leonel Brizola, herói da Legalidade, tem sua biografia contestado pelo filho JOÃO OTÁVIO, o qual relata a vida familiar e política do pai. Entre outras, diz: o pai era autoritário; em proveito próprio, desviou US$ 1 milhão recebidos de Cuba para financiar a guerrilha; odiava o cunhado Jango, a quem chamava de satã etc. O livro, prestes a ser publicado, mexe na imagem do ex-governador. Ao ler o arquiteto João Otávio, o jornalista Nilson Souza (ZH), referindo-se a Leonel Brizola, a quem se declara admirador (ou ex) confesso, diz: “Que papelão, hein?”     
    
                                                             FUNDO PARTIDÁRIO
Comandar um partido político é, também, um bom negócio. Por isso, o Brasil tem mais de 30. No papel, todos se assemelham. Na prática, nem tanto. A criação em profusão de partidos políticos se dá pela cobiçada verba do Tesouro Nacional que lhes é destinada (Fundo Partidário), cuja partilha se dá conforme o tamanho das bancadas na Câmara Federal. O PT (a maior) até junho/2014 recebeu R$ 25 milhões. O PMDB (2ª maior), R$ 18 milhões. O PSDB (3ª maior), R$ 17 milhões. Só os três já receberam R$ 43 milhões. No 2º semestre, importância igual irrigará os partidos políticos. É muito dinheiro!Conclusão: por via indireta, já vigora o financiamento de campanha com dinheiro público.

                                                            PUNIÇÃO AOS SUJÕES
O projeto dos vereadores Dado Silva (PT) e Sônia Conti (PCdoB) propondo, entre outras, punição pecuniária a quem degrada o meio ambiente, é pedagógico, posto que a parte mais sensível do corpo humano é o bolso. Sobre o tema, na mesma direção, já me manifestei. No entanto, só a lei não modificará condutas nocivas. Além de programas educativos, será necessário um quadro permanente de fiscais municipais atuando inclusive em feriados e domingos, em especial nas madrugadas que os antecedem.

DOM CLÁUDIO HUMES

                                                                              DOM CLÁUDIO HUMES
Dom Cláudio Humes, 80 anos de idade, Arcebispo Emérito de São Paulo, principal articulador do nome de Dom Jorge Mário Bertoglio ao posto máximo da Igreja Católica no conclave que elegeu novo Papa, o Papa Francisco, concedeu entrevista ao jornal ZH de 27-07-14. Entre as diversas questões que abordou, com a franqueza e a honestidade que são peculiares ao eminente religioso natural de Montenegro, estão as greves dos operários do ABC no final dos anos 80 e início dos anos 90, lideradas pelo então sindicalista Luis Inácio Lula da Silva, e a atuação do Partido dos Trabalhadores, que ele estimulou a criar. Também falou a respeito da sua intransigente atuação na oposição ao Regime Militar de 1964.
Sobre a redemocratização do país, disse: Não temos a situação ideal de democracia até hoje, mas a democracia vai crescendo ... Nesse meio tempo, o mundo mudou, o Lula mudou, tudo mudou – nem tudo para melhor. E sobre o PT: O PT que eu vi nascer não é mais o PT de hoje. De fato, falta humildade ao PT de hoje, e sem humildade não há autocrítica.
                           
                                                            PADRE ALESSANDRO
As igrejas evangélicas, que nos últimos anos cresceram muito no Brasil, tiveram nas vozes e nos coros (corais) interpretando música gospel instrumentos de sensibilização de fiéis. A igreja católica também sempre teve seus coros atuantes, porém, mais limitados às suas celebrações. Aos poucos, porém, foram cedendo espaço aos cânticos coletivos. Esse comportamento também está mudando pela ação de padres cantores: Zezinho, Antônio Maria, Rossi etc. Mas a sensação do momento é Alessandro Campos, o “padre Cowboy”, cantor, compositor, jovem, o qual tem como meta construir uma grande igreja, em Brasília, no formato de chapelão, peça da indumentária interiorana. Sem descurar dos seus deveres sacerdotais, ministério que exerce por vocação, comanda, às terças-feiras, às 20h30min, pela TV Aparecida, um programa sertanejo. Vale a pena assistir. É uma mescla de pregação da palavra de Deus com música. É a igreja que quer o Papa Francisco.
                                                       
                                                        DE NATURAL PARA NORMAL
Mário Sérgio Cortella, professor da USP, meu filósofo vivo preferido, autor de Não Nascemos Prontos, Política Para Não Ser Idiota, Não Espere Pelo Epitáfio, Não Se Desespere, que guardo com carinho em minha biblioteca e consulto com frequência, em seu recente livro Ética e Vergonha na Cara, ao abordar a corrupção, faz distinção entre corrupção NATURAL da corrupção NORMAL. No Brasil, segundo Cortella, a corrupção deixou de ser natural para ser normal, isto é, passou a fazer parte da vida coletiva dos brasileiros. Ora, isso é extremamente grave. De fato, se atentarmos para os casos mais recentes de corrupção governamental (Mensalão), percebe-se que esse caso é tratado pelas autoridades brasileiras como normal, reduzindo-o, no máximo, a caixa 2, como se tal fosse legal ou defensável.

                                                                ÁGUA MINERAL
O consumo de água é fundamental à pessoa. É o que recomendam médicos e nutricionistas. No Brasil, questiona-se a qualidade da água que sai das torneiras. Às vezes, com razão. Daí o crescente consumo de água mineral. A propósito, transita sem embargo a ideia que água mineral é sinônimo de água potável. A rigor, nem sempre é, embora, em geral, esteja livre de impurezas. No entanto, uma coisa todas as águas minerais têm, que as águas das torneiras não têm: SÓDIO. Das marcas consumidas na região, a água mineral Crystal (Ijuí) é a que mais sódio tem - 103,6 mg/l. Em 2º lugar, a Sarandi - 71 mg/l. Baixo percentual tem a Schin - 15,58 mg/l. Mesmo assim, acima do limite tolerável, que é 10 mg/l.
O uso do sal (40% de sódio e 60% de cloro), segundo nutricionistas, não deve passar de cinco gramas/dia. Acima, causa hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e renais.
Mas por que a água mineral contém cloro? Porque é envasada in natura, isto é, tal qual retirada do aqüífero, e na sua composição tem sódio. Já a água da torneira - da Corsan, no nosso caso - está livre desse elemento químico.

                                                                QUE MODÉSTIA!
Alceu Collares, em discurso na abertura do comitê do candidato Vieira da Cunha (PDT) ao governo do Estado, em POA, expôs toda sua falta de modéstia, ao afirmar: Aqui no RS só tem dois governadores que fizeram pelo povo: o Brizola e o nego veio. Conclusão: para Collares, os outros não trabalharam para o povo. Menos, Collares!
 

quinta-feira, 10 de julho de 2014

A APOSENTADORIA DO JOAQUIM


Joaquim Barbosa está deixando o Supremo Tribunal Federal ao encaminhar pedido de aposentadoria, precoce, a meu sentir, embora tenha tempo mais do que suficiente para jubilar-se. Da presidência da Corte Suprema (seu mandato de presidente iria até dezembro), já renunciou, assumindo o vice-presidente, o ministro Francisco Lewandowski. Também a relatoria do Mensalão mudou. Assumiu o ministro Luís Roberto Barroso. Com esses dois ministros, mais Dias Tofoli (ex-assessor de José Dirceu), um ministro de poucas luzes jurídicas, a discussão dos temas de alta indagação jurídica deixará de existir, mas a gratidão àqueles que os indicaram para os postos vitalícios do STF, não. Portanto, decisões “de faz de conta”, quando envolvidos réus do colarinho branco, doravante não serão novidade. Para não ficar apenas na retórica, trago o exemplo: Lewandowski, o novo presidente da Corte na vaga deixada por Joaquim, na 1ª sessão por ele presidida furou a fila para colocar em pauta os pedidos de serviço externo de José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, e de outros seus comparsas. Assim decidiu Sua Excelência sob o argumento de que “preso tem pressa”. Que descoberta! Ora, isso é mais velho do que andar a pé. Mas será que só esses apenados têm pressa? E os outros, alguns que já cumpriram integralmente o tempo de condenação? Ah, entendi. Os outros, em geral são defendidos por advogados que atuam como defensores dativos (sem honorários), isso quando advogados têm. Já aqueles que saquearam o Brasil com a cumplicidade do Lula - mas que o ex-presidente nada sabia, é claro -, têm a defendê-los os advogados mais bem pagos do Brasil. Com que dinheiro? Através de vaquinhas: R$ 2,00 de um, R$ 5,00 de outro. Ora, assim como Jesus fez o milagre da multiplicação dos pães, para alquimistas arrecadar no chapéu R$ 2, 3, 5 milhões, é barbada.

Voltando um pouco no tempo, lembro que o ministro Lewandowski, durante o julgamento do Mensalão, foi um Xerifão na defesa dos acusados, negando provas e evidências, fazendo cansativos apartes, lendo inúteis de recortes de jornais. E, ao proferir votos, estendia-se por horas a fio, tudo com o claro objetivo de retardar a decisão final para, assim, levar os delitos ou, pelos menos, alguns deles, à prescrição. Seu comportamento protelatório de então, no entanto, mudou tão logo ascendeu à presidência da Casa. Agora passou a ter a pressa que antes não tinha. Na 1º sessão do STF que comandou, tratou de levar a julgamento os pedidos de serviço externo dos condenados do Mensalão, que o incorruptível Joaquim havia negado. Furando a fila, chamou a julgamento esses casos, solicitando, inclusive, a advogados de outros julgamentos em pauta que, naquele dia, faziam sustentação oral, a que fossem “breves” em suas considerações porque havia outros julgamentos que não poderiam esperar. Quem tinha pressa, na verdade, eram José Dirceu e outros.

Por sua vez, o novo Relator do Mensalão, Luis Roberto Barroso, o último ministro nomeado pela presidente Dilma para o Pretório Excelso, tergiversando em seu voto sobre os pedidos de serviço externo referidos, condenou o sistema carcerário brasileiro afirmando que “a população carcerária é uma minoria invisível que não tem representação”. A respeito, concordo com a colocação. Os presídios brasileiros, salvo exceções, são desumanos. No entanto, os mensaleiros nunca estiveram em presídios humilhantes. Ademais, nada justifica a concessão de privilégios àqueles que desviaram milhões de reais que tanto falta para a educação, a saúde e a segurança pública. Outro argumento de Barroso foi de que, diante da escassez de vagas nas colônias penais, o trabalho externo passou a ser uma necessidade. Que novidade, ministro! Fernandinho Beira-Mar concorda em número, gênero e grau com o novo Relator.  

Eu suma, quando revisor do Mensalão do PT, Francisco Lewandowski procrastinou o julgamento presidido e relatado por Joaquim Barbosa. Assim que, como vice, assumiu a presidente do STF, mudou de lado. Agora, tudo faz para tornar céleres os pedidos dos réus que antes da condenação protegeu ao máximo. Incoerente, para dizer o menos, é o comportamento do novo presidente do Supremo Tribunal Federal.

A MORDIDA DO LUISITO SUÁREZ


A pena aplicada pela Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA) a Luisito Suárez, astro da seleção do Uruguai, pela mordida em Chiellini, zagueiro da Itália, na partida pela Copa do Mundo em realização no Brasil, vencida pelo país vizinho, foi pesadíssima: nove jogos de suspensão pela seleção, quatro meses afastado de competições de futebol, inclusive como expectador, e multa pecuniária. Para a FIFA, o seu Tribunal - apêndice da entidade, constituído, à semelhança do STF atual, por amigos do presidente - aplicou pena exemplar. Mas pode alguém, sem moral, punir exemplarmente? Por isso, nem tanto pela condenação, já que, à exceção do Uruguai, ninguém alegou inocência do acusado, mas pelo tamanho do castigo, o mundo reagiu com indignação.

Luisito mereceu ser condenado. Ademais, não foi a 1ª agressão do gênero em campos de futebol. A questão está no exagero. Dois a três jogos, condicionado o retorno do atleta aos gramados à aprovação em exame de sanidade mental. O exame é exigência de ordem pública, tamanha a fúria na caçada que imprimiu a Chiellini no jogo do Uruguai contra a Itália, até alcançar e ferir o adversário. Mas a pena foi demasiada, friso, e o rigor máximo deve ser evitado. A propósito, já proclamava o Direito Romano: o máximo do direito (lei é fonte de direito) se converte no máximo da injustiça.

O caso Luisito envolve erro do árbitro, salvo pela utilização de imagens de TV. Ressalto o fato porque em outras copas, erros de árbitros ocorreram sob os olhares complacentes da Fifa e com os aplausos de muitos que hoje crucificam o craque uruguaio. Brasil e Argentina, para ficar só com dois países da América do Sul, campões de outros certames, se beneficiaram de erros grosseiros. Vamos aos casos:
- na Copa de 1962, no jogo Brasil x Espanha, Nilton Santos, lateral esquerdo da nossa seleção, cometeu um pênalti. O árbitro assinalou a infração. Mas como estava longe, o nosso lateral foi dando passos à frente até sair da grande área. O mediador, na dúvida, sinalizou fora da área, que deu em nada. Mas se fosse dentro da área, provavelmente seria convertida em gol, eliminando o Brasil da competição que o sagrou campeão pela 2ª vez;
 - na Copa de 1986, em que a Argentina foi campeã pela 2ª vez, Maradona, no jogo contra a Inglaterra, fez, com a mão, o gol que salvou o país. Depois, orgulhoso, confirmou a irregularidade, e o povo argentino passou a dizer que se tratava de La Mano de Dios (a Mão de Deus). Ao invés de ser censurado, Maradona foi transformado em herói;
- na Copa do Mundo de 2002, o nosso atacante Luizão foi derrubado fora da área, mas se arrastou até dentro das quatro linhas, induzindo o árbitro em erro. A infração, convertida em gol, foi decisiva para as pretensões da seleção brasileira;
- na Copa do Mundo em andamento, no jogo da nossa seleção contra a Croácia, Fred simulou um pênalti, que o árbitro da partida apitou. O atacante e o técnico brasileiros juram que foi pênalti. A infração inexistente foi decisiva para que a nossa seleção fosse adiante.

Os quatro casos relatos retratam infrações que, potencialmente, inverteram resultados naturais de competições. Porém, em todos é realçada a esperteza dos seus protagonistas, Nilton, Maradona, Luizão e Fred, pouco interessando que tenham ludibriado os árbitros e, com isso, prejudicado terceiros. Mas o gesto do uruguaio difere dos gestos dos brasileiros e do argentino. Luisito cometeu agressão física; Nilton, Maradona, Luizão e Fred cometeram agressões ao espírito esportivo. São, pois, dois os grupos de irregularidades: o 1º (uruguaio), atentado físico a uma pessoa; o 2º (brasileiros e argentino), atentados ao espírito esportivo mundial. A meu sentir, as agressões coletivas deveriam sofrer maior castigo. Mas não. Enquanto a malandragem é absolvida, às vezes enaltecida, a mordida é duramente castigada.

É o sinal dos tempos. É a inversão de valores. Zé Dirceu, Delúbio, Genoíno, condenados no maior escândalo de corrupção da história brasileira, foram, pele direção do PT, alçados à condição de heróis, enquanto Joaquim Barbosa, o ministro que teve a coragem de mandá-los para a cadeia, é, pelo mesmo grupo político, taxado de vilão.  

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

SOBRE A COPA DO MUNDO DE 2014

Muito já se falou sobre a Copa do Mundo a ser realizada no Brasil no próximo ano. Durante a Copa das Confederações, aqui realizada neste ano, já se fizeram sentir protestos contra a FIFA, com a promessa de se intensificarem em 2014. Nada contra as manifestações pacíficas. No entanto, esqueceram-se os manifestantes que tanto a Copa das Confederações quanto a Copa do Mundo só tiveram o Brasil definido como sede pelo empenho do ex-presidente Lula. Esquece ram-se que o Congresso Nacional, majoritariamente governista, aprovou tudo quanto a presidência da República propôs para realizar a Copa do Mundo. Esqueceram-se que, para o evento, o Brasil abriu mão da expressão maior da independência de um estado, a sua soberania. Esqueceram-se que, pela Lei da Copa gestada pela presidente Dilma, a Copa do Mundo é da FIFA. Logo, o alvo está errado.
A FIFA ofereceu a Copa do Mundo ao Brasil. As autoridades brasileiras se atiraram à oferta, como diria o cantor/compositor Gaúcho da Fronteira, “que nem burro no azevém”. Por outro lado, na época, poucos foram os órgãos da imprensa nacional que se posicionaram contra a oferta. E as autoridades que tinham o dever de dizer não, não só disseram sim como se submeteram às exigências de Josef Blatter.
A propósito, algumas autoridades prezam o interesse público enquanto outras dão vazão ao seu ego. João Havelange, quando presidente da FIFA (presidiu a entidade por mais de 20 anos), ofereceu a Copa do Mundo ao Brasil. João Baptista Figueiredo, na época presidente (período de exceção) – respondeu, indagando: Você conhece uma favela do RJ? Você já viu a seca do Nordeste? Você acha que eu vou gastar dinheiro com estádios de futebol?
É claro que os democratas de plantão se apressarão em desqualificar o general. Eu, porém, que procuro separar o joio do trigo, independente dos atores em cena (sujeito, é claro, a críticas), lamento que ao Lula tenha faltado humildade para dizer à FIFA que as prioridades brasileiras eram a educação, a saúde, a segurança, o saneamento básico.
Mas, não bastasse a equivocada decisão brasileira sobre a Copa do Mundo, é preciso lembrar que a FIFA exigiu do Brasil a construção de oito arenas para os jogos de 2014. O governo brasileiro, no entanto, tomado de soberba, decidiu construir 12 arenas - quatro a mais. Com que dinheiro? Basicamente com dinheiro do BNDES a juros subsidiados pelo Tesouro Nacional. Com isso, passada a Copa, teremos elefantes brancos espalhados por cidades que nem futebol têm. A m egalomania prevaleceu.
Por outro lado, nem todas as despesas com a próxima Copa do Mundo foram reveladas. Àquelas com as construções de estádios, aeroportos, mobilidade urbana etc, outras devem ser agregadas. Recentemente, segundo a Secretaria Extraordinária da Segurança para Grandes Eventos (montada para a Copa), ligada ao Ministério da Justiça (em cada Estado que sediará jogos, idêntica estrutura será montada), o Brasil gastará, só com segurança, R$ 1.600.000,00. Para isso, serão instalados dois Centros de Controle de Eventos, um em Brasília e o outro no Rio de Janeiro, e 12 Centros Regionais, um para cada cidade que receberá jogos. Ah, nesse custo não estão computadas diárias, viagens, hospedagens etc.  
Não ignoro que as cidades que sediarão jogos da Copa receberão investimentos que, em situação normal, não seriam feitos. Logo, restarão resíduos. Daí o empenho dos seus prefeitos. Também não ignoro que receitas novas serão geradas pelas delegações participantes da competição e por turistas (hotéis, lojas, restaurantes, bebidas, táxis, boates, mulheres de programa etc). No entanto, a conta da Copa, superfaturada, será paga por todos os brasileiros. Logo, pergunta-se: a quem interessa a Copa? a) ao ego do Lula e da Dilma e assessores; b) às empreiteiras; c) a alguns setores pontuais da economia.
Encerrado a Copa do Mundo, o balanço mostrará: a) de um lado, o lucro da FIFA; b) do outro, a conta paga ou a pagar pelos brasileiros.