quarta-feira, 25 de março de 2015

FESTIVAL DE GIRUÁ

No final da última semana, no Parque de Eventos Olmiro Calai, em Giruá, realizou-se o 1º Canto de Amor a Giruá, inserido na programação da 9ª Festa do Butiá.
A Festa do Butiá é uma promoção do vizinho município, que tem a comandá-lo, em seu 2º mandato consecutivo, o dinâmico e bem articulado prefeito Ângelo Fabian Thomas. Aliás, como a fruta não cai longe do pé, lembra seu saudoso pai, Lauri Thomas, também prefeito do município faz alguns anos. Já o festival, coordenado pela secretária municipal de educação, Fátima Rodrigues Ehlert, constituiu-se em exemplo de organização.
Concorreram 18 canções, a maioria digna de um já consagrado evento do gênero. Nessa 1ª edição, sagrou-se vencedora a composição Crioulo da Cepa, de Erlon Péricles, o músico mais saliente dos festivais do Estado nas décadas passada e atual, interpretada pelo também consagrado Jorge Freitas, de Cruz Alta.
Inspiradas no tema “Giruá”, as canções que desfilaram pelo palco do evento exaltam a saga dos desbravadores da terra dos butiazeiros e o progresso do município. A respeito, com inclinado respeito aos letristas das outras 17 composições, destaco Pelas Ruas de Giruá, da poetisa Cecília Maicá com melodia do compositor Marcos Alves, de Santa Rosa, eleita a melhor letra entre as 18 concorrentes.
Antes, porém, de tecer considerações sobre essa melhor letra, dada a minha condição de jurado do 1º Canto de Amor a Giruá, declaro que, no desempenho do encargo que me foi confiado, não tinha a obrigação de ser isento, e não fui; mas tinha o dever de ser imparcial, e fui. Com isso, de forma responsável, não me nego em emitir opinião sobre as composições que analisei. Assim, com as vênias dos que divergirem, tenho que a Comissão Julgadora foi feliz ao premiar Pelas Ruas da Cidade como a melhor letra e, também, melhor arranjo.
Marina, personagem do poema de Cecília Maicá em Pelas Ruas da Cidade, é um oportuno resgate da história local. Marinas e Marinos estão na terra dos butiás e em todas as cidades. São seres humanos sem ambição. Sem malícia, em geral são respeitados, embora, às vezes, preconceituosamente rejeitados por conta das vestes desalinhadas que usam.
“Marina não usa batom, Marina não tem vaidade, Carrega sua inocência, Pelas ruas da cidade // Marina aos 70 anos, Na alma não tem vaidade, No coração ela sente, Sem saber, Felicidade.” Marina não sabe o que é felicidade, instiga o poema, para, em seguida, dizer que ela sabe. Só não sabe conceituá-la. Nem precisa. Isso é tarefa para os filólogos. Porém, mesmo sem saber, sabe que, para se feliz, basta estar em paz consigo mesma, porque, como realça o verso, Marina sente a felicidade. Ora, para quem tem sensibilidade, sentir é saber.
Marina não sabe definir felicidade, nem seu significado oposto. Mas sabe, por sentir, que a felicidade não está nas práticas prejudiciais a outrem. Nas ruas de Giruá, que ela conhece como a palma da própria mão - pedindo “pila para o pão, pila para o leite // Na Páscoa, o coelhinho; no Natal, o papai Noel” – está o mundo de Marina.  

Marina não é Robin Hood nem esse Príncipe dos Ladrões às avessas. É, faz décadas, uma figura folclórica que tem como projeto diário encontrar mãos estendidas. Como tal, é parte da história viva da cidade de Giruá. Portanto, não abandone sua peregrinação diária, Marina!

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