terça-feira, 12 de janeiro de 2016

LÁ E AQUI

Na semana que passou, neste espaço, comentei que a presidente Dilma Roussef, ante as dificuldades financeiras que atravessa o governo federal, contingenciou (eufemismo de corte) parte do orçamento. Por exemplo, na educação. Mas manteve intocáveis programas como o bolsa família (de inegável alcance social), os cartões corporativos (caixas pretas, que ninguém sabe quantos são seus portadores nem quanto gastam livremente), os quase 40 ministérios (vários com atividades superpostas), os milhares de cargos de confiança (em grande parte, cabides de emprego). Por quê? Porque, embora não dito, estes carregam a seguinte lógica: são programas que rendem votos.
Mas não só: depois dessa decisão do governo federal, chegou a vez do governado estadual gaúcho. José Ivo Sartori, na esteira da Dilma Rousseff, também fez sua opção. Não tendo como pagar em dia todos os compromissos do Estado, nem as fontes que antes tivera o Tarso Genro, privilegiou a folha dos seus servidores.  Nada contra. Todos merecem receber em dia. Só que, para concretizar a opção, reteve valores que não pertencem ao Estado, mas aos municípios gaúchos. São verbas carimbadas para saúde, educação, transporte escolar, hospitais públicos e outras entidades. Assim, para combater um mal, criou outro ainda maior.
Como também tive a oportunidade de dizer, pessoas físicas e jurídicas a todo momento são chamadas a optar. Dilma e Sartori, em nome dos seus respectivos governos, não fugiram à regra. Fizeram as suas opões. Até aqui, nada demais. O problema está na qualidade das opções. Ambos, por certo, continuarão a dizer que a educação é a prioridade das prioridades,  ao tempo em que as práticas desmentem suas assertivas. As opções em comento, lá e aqui, me fazem lembrar uma frase do ex-senador Jarbas Passarinho: “Nada mais parecido com o governo do que a oposição quando no governo”.
As opções dos governos federal e estadual provam quanto os brasileiros são desrespeitados. E não se diga que seja falta de receita pública. É, embora não o digam, e até o neguem, falta de gerenciamento público, de um lado, e de prioridade, de outro. Hoje, só para se ter uma ideia do assalto a que somos vítimas, trabalhamos 151 dias por ano só para pagar impostos municipais, estaduais e federais.
Por conta dessa indignação, ou melhor, para que a indignação não seja esquecida, na Capital, nesta semana, foi criado pelos Instituto de Estudos Empresariais, Associação da Classe Média, Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes no RS e CDL-POA, o Dia da Liberdade de Impostos. A campanha se perfectibilizou através da venda de gasolina sem impostos aos contribuintes. Com isso, o litro do produto, em média vendido ao consumidor a R$ 3,27, saiu a R$ 1,95, por um dia. Traduzindo em números, a conta é a seguinte: de cada litro, o desconto foi de R$ 1,32, valor este correspondente a tributos.
Bem, sobre a questão enfocada acima, poderia, e até seria mais simpático, dizer que se trata de assunto da conta dos outros. Dos governantes, por exemplo. Logo, as decisões governamentais não seriam coisas nossas. No entanto, eu e tu, como cidadãos, só exercemos nossa cidadania se não nos omitirmos. Então, é coisa nossa, não dos outros.

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