terça-feira, 12 de janeiro de 2016

OPERAÇÃO MÃOS LIMPAS

No combate à corrupção, que serviço prestam à Pátria a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Justiça brasileiros! Antes, o ministro Joaquim Barbosa, como relator do Mensalão perante o Supremo Tribunal Federal, baseado na Teoria do Domínio do Fato, já tinha devolvido ao Brasil parte da esperança perdida. Agora, a Operação Lava Jato, que vai além da Petrobras e já desvendou, sem ainda ter chegado ao fim, novo escândalo ainda maior que o anterior, revelou outro juiz capaz de aplacar a gula insaciável de poderosos: Sérgio Moro. Ora, quem nunca ouviu falar que cadeia era para prostituta, preto e pobre. Pois, na 21ª fase da Lava Jato (como fora no Mensalão), as prisões de Delcídio do Amaral, senador, líder do governo, e André Esteves, o Midas dos banqueiros, vão em sentido oposto.
O STF, para decretar essas prisões, alcançando, mais uma vez, peixes graúdos, alicerçou-se em provas arquitetadas pelo senador Delcídio, as quais, em síntese, plasmavam um urdido plano de fuga para o ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró. O esquema criminoso proposto a Bernardo, filho de Nestor, consistia nas seguintes fases: 1ª) obter habeas corpus para Nestor; 2ª) romper a tornozeleira eletrônica que Nestor passaria a usar; 3ª) concretizar um ousado plano de fuga para Nestor; 4ª) dar a Nestor uma ajudinha de R$ 50 mil/mês. 
Tudo isso tendo como contrapartida o silêncio de Nestor, eis que, preso na Lava Jato, estava prestes a fazer delação premiada, a qual, segundo vazou, respingará em honoráveis corruptos. A propósito, é sintomático que presos na Operação, ligados ao PT (José Dirceu e João Vaccari), em nome da causa, rejeitem a delação, mesmo sabendo que, sem ela, vão amargar anos de prisão. De Nestor, muitos que estão com o rabo preso, esperavam o mesmo. Mas, como ele resolveu falar, foi montado o plano gravado por Bernardo. 
Abortado o plano, Lula, o incurável falastrão, chamou Delcídio de idiota. Sobreleva destacar, porém, que a indignação do ex-presidente da República não foi contra o esquema criminoso, mas contra o senador por ter se deixado gravar. Isso ficou claro ao dizer que “o senador é um político experiente, sofisticado, que não poderia ter se deixado gravar de forma simples como foi feito por Bernardo Cerveró.”. Essa fala, por explícita, dispensa interpretação.  
Já outro amigo íntimo do Lula, o fazendeiro J.C. Bumlai, preso por integrar a mesma organização criminosa, era a única pessoa que, quando seu amigo era presidente, na ante-sala do gabinete presidencial estava afixado o seguinte cartaz: “O Sr. JOSÉ CARLOS BUMLAI deverá ter prioridade de atendimento na Portaria Principal do Palácio do Planalto, devendo ser encaminhado ao local de destino, após prévio contato telefônico, em qualquer tempo e qualquer circunstância.” Esse acesso, nem ministros tinham. Aliás, nem o Papa. Isso prova o absurdo, para se dizer o menos, de confundir coisa pública com “cosa nostra”.
O Brasil vive um quadro político deprimente. Dilma e Lula estão encurralados. Figuras exponenciais do PT, inclusive o líder do governo no Senado, estão presas. Dos partidos da base, os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), e senadores e deputados federais (PTB, PP, PR, PMDB) são investigados.

A min. Cármen Lúcia, no voto que manteve Delcídio na prisão, disse: o crime não vencerá a justiça. Tomara! A parada é dura. Logo, força à Operação Mãos Limpas Brasileira. 

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